Coluna Maturescência, por Rones Farias Filho
Estamos no final de mais uma década, ou pelo menos próximo, dependendo se você fizer a contagem dos anos seguindo o calendário gregoriano, ou como se conta os anos de vida. Não obstante, os dias, apesar de suas constantes 24 horas, aparentam estar cada vez mais vorazes, e seguem, como sempre, engolindo sem pudor tudo que possui vida.
A idade da Terra, calculada de forma inexata e aproximada, está na casa dos 4,5 b-i-l-h-õ-e-s de anos. As evidências indicam que os primeiros Homo Sapiens, também de forma inexata e aproximada, surgiram apenas acerca de 300 mil anos. Calculado proporcionalmente a idade da Terra e o surgimento do Homo Sapiens com as tão conhecidas 24 horas de cada dia, podemos dizer que nossos ancestrais mais próximos teriam surgido 23 horas, 59 minutos e 57 segundos atrás. Sendo mais claro, somos, enquanto espécie, meros 3 breves segundos de existência.
Por sua vez, nós, hoje, nessa tal pós-modernidade em que vivemos, com suas mais variadas civilizações e gerações, sequer seríamos milésimos nessa conta. Einstein, com a Teoria da Relatividade, nos dirá que tempo e espaço são relativos, dependendo especificamente do ponto de vista de cada observador. Não sei para vocês, mas, atualmente, mesmo com toda a tecnologia que dispomos, cada vez mais, nesses 3 breves segundos do respirar sapiens, ainda que me pareça que temos muito tempo pela frente, igualmente me parece que o tempo, assim como tudo, está “derretendo”. E acho que isso fala muito sobre o presente que estamos vivendo e o futuro que estamos construindo - ou destruindo. Na verdade, tenho pensado que nós mesmos estamos nos furtando do e o nosso próprio futuro. E pra ser sincero, não tenho a menor ideia do que estamos fazendo com a res furtiva.
Um ano continua sendo o tempo que a Terra leva para dar uma volta em torno do Sol, assim como um dia ainda é o tempo que o nosso planeta leva para dar uma volta em torno de si. E não, apesar de não mais parecer como outrora, nada disso tem acontecido mais rapidamente, somos nós que estamos “correndo” mais do que em qualquer outro período da história, bem além, eu diria, do que deveríamos. O engraçado é que isto é um paradoxo com a Teoria Restrita, para qual o tempo passaria mais devagar num objeto que se desloca em grande velocidade.
Enfim, falando em tempo, ano, dias, segundos, mas deixando de viajar, 2019 está acabando e este texto todo foi só para chegar bem aqui: quero propor uma mudança diferente dessas que sempre prometemos neste período. Que tal em 2020, ainda que aos poucos, gradativamente, a gente tentasse desacelerar nosso próprio mundo? Ninguém precisa ser refém do tempo. A pressa não é “naturalmente” crônica , e vejo como saudável a gente tentar aproveitar mais o tempo, pra se dar um tempo. Não quero ditar regras ou citar exemplos, quero apenas que parem e pensem no que podem (devem) mudar para começarem a se priorizar. Seja pra se curtir, seja pra refletir ou para o que for, em 2020 - e de lá em diante - dê-se tempo para si.
Desejo um feliz “você novo” para 2020!
Comments